Oficina CEER
 31-05-2011
TRÁS-OS-MONTES QUER TRANSFORMAR RESÍDUOS DO AZEITE EM MAIS-VALIA

A região transmontana produz anualmente cerca de 100 milhões de toneladas de azeite sendo que um projecto-piloto de âmbito europeu pretende transformar o valor idêntico de resíduos que gera numa mais-valia económica e ambiental.

O projecto OiLCA é apresentado amanhã em Mirandela e tem como finalidade calcular, nos próximos dois anos, a pegada de carbono do sector e encontrar métodos de reduzir os impactos ambientais, segundo disse hoje à Lusa o presidente da Associação de Olivicultores de Trás-os-Montes e Alto Douro (AOTAD). De acordo com António Branco, a associação é uma das parceiras do projecto que será desenvolvido em Trás-os-Montes e Alto Douro, uma das principais produtoras nacionais, mas que tem como propósito ser alargado, no futuro, ao resto do país. Segundo explicou, o projecto OiLCA envolve cinco parceiros portugueses, espanhóis e franceses e em cada um dos países será desenvolvida uma experiência piloto idêntica à transmontana. O trabalho começará por um levantamento de todo o sistema de produção e da quantidade de resíduos produzidos nos 124 lagares transmontanos. "Em função dessa avaliação, vamos calcular a pegada de carbono e procurar metodologias para compensar (os impactes ambientais)", disse o presidente da AOTAD.

Segundo António Branco, a ideia é transformar aquilo que agora são "resíduos num subproduto, valorizando-os, e contribuir para diminuir a pegada de carbono do sector e eventualmente até adquirir créditos de carbono através desta actividade". O projecto irá dar uma ideia concreta da realidade do sector, mas o representante dos olivicultores estima que sejam produzidos anualmente 100 milhões de toneladas de resíduos entre bagaços, águas e folhas. "O azeite que extraímos (da azeitona) corresponde apenas a 20%, 80% são bagaços e água a que podemos juntar também a folha (da oliveira que vai junto com a azeitona)", enfatizou. Embora existam já alguns exemplos de tratamento e aproveitamento, muitos destes resíduos vão actualmente para aterro e o projecto pretende dar-lhes outro destino, assim como tornar este sector "verde". António Branco realçou que um dos objectivos é precisamente "criar uma marca" associada a boas práticas ambientais, e uma imagem "100% verde" para os lagares que já foram, em tempos, origem de poluição ambiental.

No projecto estão envolvidos centros e universidades dos países parceiros, nomeadamente o Centro para a Valorização de Resíduos da Universidade do Minho.

Fonte: http://umonline.uminho.pt