Oficina CEER
 17-09-2012
PROTEÇÃO DA BIODIVERSIDADE CONTINUA A MARCAR PONTOS EM VILA REAL

Intervenção do município permitiu reduzir a mortalidade dos anfíbios.

​A primavera de 2012 marcou mais um momento de grande significado para a preservação da biodiversidade de Vila Real. Depois do arranque da construção, em março passado, dos muretes destinados ao encaminhamento das populações de anfíbios ao longo de um setor da Estrada Municipal 313, em pleno coração do Parque Natural do Alvão, foi possível constatar uma diminuição significativa da mortalidade nesse trecho da estrada, o que comprova o efeito positivo da ação. A intervenção, realizada no âmbito do Programa de Preservação da Biodiversidade de Vila Real e cofinanciado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON 2 – O Novo Norte-QREN), contou com a participação ativa de inúmeros cidadãos, que disponibilizaram o seu tempo numa ação de voluntariado sem precedentes, colaborando na construção dessa infraestrutura.

A proposta construtiva foi uma solução técnica preparada pelos investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em conjunto com a Câmara Municipal de Vila Real e com o Parque Natural do Alvão, e surgiu na sequência da identificação de um setor rodoviário como um “ponto negro” de elevada mortalidade para os anfíbios, através das monitorizações efetuadas em anos anteriores. Os muros permitem encaminhar os anfíbios para diversas passagens hidráulicas subterrâneas existentes ao longo da Estrada Municipal, minimizando dessa forma o número de atropelamentos resultante nessa travessia, que ocorre durante a época de reprodução dos anfíbios. Tanto os moradores locais de esta área protegida como os utilizadores da rodovia constataram já nesse período uma quebra na mortalidade, o que revela o efeito positivo dessa intervenção. Segundo Aurora Monzón, investigadora da UTAD responsável pela monitorização dos anfíbios, “a situação era ainda mais preocupante, já que os indivíduos das diversas espécies de anfíbios (sapo-comum, sapo-corredor, salamandra-de-pintas-amarelas, tritão-marmorado, entre outros) são adultos reprodutores, facto que poderia implicar, a médio prazo, o seu desaparecimento. A zona de intervenção insere-se numa zona com inúmeras massas de água, sendo que os anfíbios constituem um elemento essencial para o bom funcionamento ecológico destes ecossistemas. Contudo, temos também a noção de que toda a campanha de sensibilização da sociedade realizada na altura da construção poderá ter contribuído para uma alteração de comportamentos dos cidadãos que utilizam a via.” Por isso, a Câmara Municipal de Vila Real prepara agora uma série de medidas para reforçar o âmbito da ação de sensibilização, promovendo uma maior consciência para a preservação da biodiversidade.

A iniciativa da construção do muro, prevista no âmbito do Plano Setorial da Rede Natura 2000, foi executada com o envolvimento e participação do Núcleo de Estudos e Proteção do Ambiente (NEPA-UTAD, do Parque Natural do Alvão, da UTAD e de muitos cidadãos, e inscreve-se na ação de implementação de medidas de gestão do Programa de Preservação da Biodiversidade da Câmara Municipal de Vila Real, cuja execução decorre desde 2009. Um investimento municipal significativo, valorizado sobretudo pelo empenho colocado pelo município na defesa do património biológico do concelho, que tem vindo a revelar um manancial de conhecimentos sobre o território e uma aposta decisiva na valorização ambiental.

Fonte: utad.pt